Custou a bonita soma de 5000 contos em 1943 e foi apresentada como "um marco de civilização", inserindo-se no surto de óbras públicas do Estado Novo sob a égide de Duarte Pacheco. É um dos edifícios mais bonitos da beira-Tejo: a estação marítima de Alcântara, construída durante a segunda guerra mundial segundo projecto de Porfírio Pardal Monteiro, que concebeu também a estação da Rocha do Conde de Óbidos, construída a seguir à de Alcântara e menos rica, com apenas um átrio. Estas nossas Gares Marítimas denotam uma forte influência estética da estação marítima de Nápoles, edificada anos antes, com uma monumentalidade muito superior.
O projecto contemplava a ligação das duas estações pela varanda, havendo estações complementares mais pequenas entre as principais que não vieram a ser construídas, uma vez que a ideia era o cais de Alcântara à Rocha ser destinado aos navios de passageiros.
Na realidade manteve-se o entreposto de Alcântara Sul, seguido do cais da Companhia Colonial de Navegação, mesmo junto à Rocha. Depois vieram as reconstruções da muralha e o aumento da área de cais e terraplenos, e a estação de Alcântara está cada vez mais ameaçada de isolamento do rio por uma muralha de contentores, com a vizinha Liscont a querer estender a sua concessão para juzante. O aumento de visitas de navios de cruzeiros a Lisboa tem garantido uma utilização regular do edifício, embora já tenham sido efectuadas muitas alterações que diminuiram a funcionalidade da Gare Marítima. E parece haver quem queira pura e simplesmente encerrá-la. A bem da contentorização...
Fotos e texto de Luís Miguel Correia - 2006
1 comentário:
Era desta Estação que os paquetes partiam para Angola em 1948? Nunca fui lá dentro, tenho visto sempre de fora, mas gostava de saber, de que estação partia o paquete Quanza nas viagens para o Ultramar.
É muito interessante o seu blog.
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