sexta-feira, março 24, 2006

CHIADO

Vaguear pelo Chiado

Um dos meus roteiros preferidos.
Descer o Chiado e rever o lugar e as pessoas com quem por aí andei em tempos...
1959...?
1958...?
Por essa época, como se fosse ontem.
Antes de mais, só com a minha Mãe - a Madalena mais bonita e inteligente que se possa conceber.
Quando os animais falavam e eu era filho único, isto é, antes de Maio de 1960, percorriamos os dois o Chiado num ritual de descoberta.
O táxi até ao largo de Camões, seguido de uma passagem pelas lojas: Vista Alegre, Paris em Lisboa, David's, a Benard - dos brinquedos, que o lanche era na Marques, a Saboia mais abaixo...
Na pastelaria Marques havia sempre um Indiano delicioso, de café ou chocolate e uma entrada fascinante com frascos cheios de doces coloridos. As mercearias eram escolhidas e encomendadas na Casa Jerónimo Martins, ao fundo da rua Garrett. Um balcão enorme, empregados distintos, muito educados e competentes, uma parede cheia de latas de bolachas todas iguais..., e uns caixotes de laranjas de Moçambique, embrulhadas em papel transparente, mesmo junto à entrada.
O chá era um pouco mais abaixo, já na rua Nova do Almada, na Ferrari, com os melhores batidos do mundo, chá a preceito e umas bolachas de manteiga como já não há. Noutro estilo, a padaria do Chiado tinha (e ainda tem) o melhor pão de forma... Os queijos eram comprados na charcutaria Martins e Costa, a meio da rua do Carmo, do mesmo lado da Elarka, sempre com uma porcelana alemã linda na montra, e da Casa Aguiar, em cuja cave me abastecia de amostras de tecidos a metro, oferecidos pelo Sr. Vasco Portas, e com que depois, em casa embrulhava o Gato Siamês e os brinquedos...

Texto e fotografias de Luís Miguel Correia – 2006



Imagens do Chiado: Rua Garrett; o Poeta e as gentes; em frente ao Paris em Lisboa;
artista de rua; vendedor de castanhas com o patrocínio da Compal.
O poeta Chiado, António Ribeiro de seu nome, é um repentista do século XVI, natural de Évora e falecido em Lisboa em 1591. A estátua do Chiado foi inaugurada a 18 de Dezembro de 1925. Foi feita em bronze pelo escultor Costa Mota (tio).

Fotografias de Luís Miguel Correia em 4 de Fevereiro de 2006


3 comentários:

Berna Valada disse...

Obrigada pela visita. Hei-de voltar ao teu blogue, gostei muito de o conhecer!

LUIS MIGUEL CORREIA disse...

Ainda está no início. Obrigado e aparece sempre...

Miguel

Raquel Sabino Pereira disse...

Que ternura de texto...