segunda-feira, outubro 16, 2006

ESTAÇÃO DE SUL E SUESTE

As obras intermináveis da construção da linha de Metro do Cais do Sodré para Santa Apolónia, têm levado à desfiguração temporária da Praça do Comércio e zonas adjacentes. Um dos ícones da zona, o Cais das Colunas está desaparecido há anos. A montante deste cais (hoje virtual), há um edifício muito bonito e funcional, pelo qual se embarca para o Barreiro. É a Estação Fluvial do Sul e Sueste, durante muitos anos operada pela CP, cujos navios faziam a ligação à estação ferroviária do Barreiro. Com a abertura da Ponte 25 de Abril ao tráfego ferroviário, a ligação fluvial passou a estar a cargo da Soflusa, empresa adquirida pela Transtejo, cujos catamarans ligam regularmente Lisboa ao Barreiro. Aqui fica um olhar de pormenor para a fachada da estação, da autoria do arquitecto Cottinelli Telmo, inaugurada com pompa e circunstância a 28 de Maio de 1932, como uma das primeiras obras do Estado Novo.

Comentários e imagens de Luís Miguel Correia - 2006

10 comentários:

Eurydice disse...

É sem dúvida um edifício muito bonito, com uma fachada harmoniosa e elegante, o que nem sempre aconteceu com as daquela época arquitectónica, pois não?

LUIS MIGUEL CORREIA disse...

Como em tudo há bom e mau, e mediano... Depende muito dos gostos e da qualidade das pessoas envolvidas. Pessoalmente acho que a certa altura a arquitectura associada ao Estado Novo se tornou pesada e solene, mas há exemplos dessa tendência na actualidade, caso daquele edíficio grotesco construído para sede da Caixa Geral de Depósitos, com a agravante de os tempos serem outros...

LMC

Eurydice disse...

É verdade. A tentação da monumentalidade esmagadora ataca de vez em quando!
Gostaria de perceber se há alguma constante identificável que subjaza nestas coisas!... ;)

LUIS MIGUEL CORREIA disse...

Talvez seja o deslumbre pelo poder e a ilusão de eternidade por mais efémeros que sejam os personagens em causa...

LMC

Eurydice disse...

Uma espécie de SINDROMA DAS PIRÂMIDES?...
Talvez!

ROADRUNNER disse...

Bonita sem dúvida, embora um pouco desleixada nos dias que correm...
Saudações!

LUIS MIGUEL CORREIA disse...

Roadrunner,

Direi mesmo muito desleixada. Mas um edificio funcional e bem concebido.

LMC

PauloMestre disse...

Segundo se conta, quando Cottinelli Telmo desenhou a estação do Terreiro do Paço, foi-lhe perguntado porque não desenhou um edifício com as mesmas características setecentistas dos restantes.
A resposta foi, aproxidamente o seguinte: a beleza do Terreiro do Paço sai realçada se estiver enquadrada por um edificio de linhas opostas.

O resultado está à vista... Fez a escolha correcta.

Paulo Mestre

LUIS MIGUEL CORREIA disse...

Paulo,
Interessante informação. Também acho que foi a opção acertada. Mas o estilo neo-manuelino da fachada do Rossio também tem a sua graça...

PauloMestre disse...

Sim, o estilo único da Gare Central do Rossio(1), para mim, torna-a na mais bela das estações de Portugal.

Esteve tristemente abandonada, o interior depressivo e arrepiante, mas, do que pude ver até agora, a recuperação vai deixa-la magnifica por dentro.

Esperemos para ver.

(1)digo Gare Central porque até ao inicio das obras de electrificação da Linha de Sintra/Norte foi a estação término de todos os comboios importantes que saiam de Lisboa, do Rápido do Norte ao lendário Sud Express.
Depois fecharam-na para reforçar e electrificar o túnel do Rossio e ficou apenas a servir a Linha de Sintra e como terminus da Linha do Oeste.
Numa volta ao passado, a 1856, apartir dessa data e até hoje, os comboios importantes voltaram todos a sair de Santa Apolónia... que não prima pela elegância.
Para mim é um edificio banal, sem alma, quando em comparação com o requinte do Rossio ou com o modernismo do Cais do Sodré.

Paulo Mestre